terça-feira, abril 5

da ilusão

Um professor preparou a sua aula considerando todos os seus pontos de vista, em função dos seus interesses, das suas preocupações. Preparou uma aula toda pimposa com recurso ao multimédia, a uma apresentação powerpoint de cerca de 25 a 30 minutos.
Estava contente, satisfeito com o seu trabalho, com o empenho, o esforço e a dedicação que tinha colocado naquela aula.
A turma é complicada, entre o desinteresse e a indiferença, com situações pessoais desestruturadas e desestruturadoras de uma dinâmica de grupos. Mas aquela preparação estava, reconhecia, excelente. Não havia desinteresse que pudesse resistir.
No dia da aula, da apresentação do produto e do empenho da sua preparação, montou ele próprio toda a parafernália, não fosse algo falhar sem ser por sua responsabilidade, testou e voltou a testar a apresentação.
Alunos presentes. Esperou que os ânimos acalmassem, ficassem prontos para receber o fruto do seu trabalho.
Rotundo fracasso. Falhanço absoluto. Sentiu-se ir pelo cano, desesperar frente aos alunos, aos colegas, aos docentes orientadores.
Na conversa que tivemos, descobriu que a preparação foi a sua, a preocupção e o interesse o seu, o empenho apenas o pessoal. Apenas ele se envolveu, participou. Os alunos foram considerados em face de um outro centro de interesse, de um outro fóco de motivação, de outras experiências. Os alunos não foram nem vistos nem achados no processo. Não foram envolvidos nem ouvidos.
Quantas e quantas vezes isto sucede, a preparação de uma aula considerando o nosso ponto de vista, o nosso interesse e as nossas capacidades, um gosto pessoal. Se esquece o aluno.

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