sábado, fevereiro 19

das escritas. Perguntaram-me há dias como é que conseguia falar [escrever] só e exclusivamente da e sobre a escola, onde é que há tanto assunto para se poder escrever e descrever como o faço e sobre o que faço.
Reconheço que fiquei entre o surpreso e o agradecido.
Surpreso por que falar da escola é fácil, tão fácil que há imensa gente que, por dá cá aquela palha, discorrem ideias, apresentam números, levantam hipóteses, apontam sugestões, apresentam propostas, definem objectivos, etc. Uns por conhecerem a escola, nela trabalharem ou simplesmente por lá terem andado, sabe-se lá em que condições, ou por que agora são pais/mães e lá vão acompanhar a prole. Mas por tudo e por nada se opina sobre a escola.
Agradecido por reconhecer que encaro a escola como uma totalidade. Ainda que pontualmente possa discorrer sobre um tema ou outro, centralizar um assunto ou destacar uma problemática não o consigo fazer sem que esteja colado à escola como um todo.
Enquadra-se, nesta minha leitura, a metáfora orgânica, em que encaro a escola como um corpo em que, perante uma qualquer forma de abordagem, não posso desmembrar a parte injuriada, isto é, sujeita a tratamento. Qualquer intervenção numa parte, por muito específica que seja, tem reflexos no todo.
Esta tem sido uma das minhas principais dificuldades em isolar um aspecto, um tema, um assunto que me permita avançar para um projecto de doutoramento. Por muito que diga ou invente outras coisas, esta minha forma de encarar a escola é, ao mesmo tempo que uma vantagem, um obstáculo a um processo de investigação.

1 comentário:

Anónimo disse...

olá. encontrei o teu blog num quadro de links de outro blog e desculpa lá por ir já usando o tu mas entre professores isso é mais que normal. também sou professora.
E a verdade é que a escola para nós é fascínio que se torna vicioso. eu controlo-me para não falar da escola.
também criei um blog sobre educação no sapo. vou transferi-lo para o blogger para ver se tem mais sucesso.
o teu texto está muito bem escrito. parabéns.