e talvez mais;
é daquelas coisas que soam a lugar comum, banalidade, mas que é verdade e acontece com mais frequência do que seria de esperar;
não se circunscreve à escola, penso ser algo transversal à sociedade portuguesa, à lógica que alguém já carimbou de tuga, mas na escola é uma evidência de tal modo quotidiana que ainda hoje a ouvi - e de quem não esperava;
quase sempre que se apresentam outras ideias, diferentes daquelas com que sempre se cozinharam os dias e se desfizeram os quotidianos, há quem pergunte se é permitido, se está de acordo com a lei, ou simplesmente afirme, com plena convicção das suas certezas inquestionáveis, que isso não é possível, que não há condições para que isso, ou isto, ou aquilo possa ser feito como está a ser apresentado, proposto, exposto;
acabam-se, em face de outras ideias, a valorizar os problemas em detrimento das possibilidades (já nem sequer digo das soluções) e esperamos pacífica e ordeiramente que alguém (geralmente os governantes) nos digam como fazer, como proceder;
sem ordens externas, vindas de um qualquer chefe ou ente iluminado pela distância hierárquica, somos pouco, valemos pouco e temos receio de avançar, de assumir as nossas ideias, posições ou convicções; e sempre que o fazemos há logo alguém que rotula essas ousadias de impertinência, mau feitio, quezilências pessoais, interesses políticos ou partidários ou apenas e simplesmente de mau feitio;
está difícil, muito mais difícil do que alguma vez imaginei, ultrapassar o circunstancialismo que o Estado Novo nos impôs e determinou assente na anomia pessoal, na subserviência, ou, como J. Gil disse, este "Medo de Existir";
terça-feira, janeiro 8
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Sem qualquer ironia nestas palavras, Manel: apesar de tudo... é bom ver que estás de volta à triste realidade. Na escola situada vemos o resultado das políticas com outra clareza.
Enviar um comentário