e, por muito que possa não parecer, a blogosfera eborense até se move, faz-se sentir;
recebi a notícia natalícia que existe mais um blog sobre a cidade, Café Portugal, feito por um conjunto de elementos "históricos" da terra;
a designação, de café Portugal, remete para diferentes ideias (um imaginário colectivo) do que foi a cidade;
por um lado, um local de convívio, onde, entre tacadas de bilhar e comentários do momento, uma geração aprendeu a falar da PIDE, da censura, da vida alentejana; nesta fase o café Portugal era um contrapeso, o outro lado da verdade, ao outro café, o café Arcada, onde se reuniam outros, com outras ideias; estou a falar dos anos 50 e 60 de onde os jovens de então, a partir das janelas do 1º andar, galanteavam as raparigas passantes e espreitavam quem esperava pelo autocarro - é verdade, aquele local já foi ponto de paragem de autocarros;
por outro lado, e penso que será para esta fase que remete a designação, foi um espaço de confrontos, entre os que tinham chegado de África e estavam habituados aos cafés e aos espaços de convívio, com outros regressados dos muitos lados da Europa que agora nos consome e que traziam uma outra aragem, outras ideias, outros olhares, outras leituras, e aqueles que, por pouco ou muito que nunca daqui tenham saído, ali encontravam um espaço de diferenças;
foi, assumidamente, um espaço de fórum, de ideias, de ideais, de sonhos, de futuros possíveis e imaginados;
mas faliu, fechou, sucumbiu ao peso dos tempos, eventualmente da sua própria história, como sucumbiu pelo facto de quem por ali passava se ter apropriado de outros espaços, deslocalizado, também eles, para outros pontos, talvez com outros sonhos, com outras vontades;
como bloguista e como eborense dou as boas vindas a um novo espaço de debate e faço votos para que seja isso mesmo, um espaço crítico, reflexivo, de discussão e de ideias e não se renda aos apontamentos mais fáceis de corte e da costura, à insinuação brejeira; o Café Portugal também foi vítima disso mesmo;
quinta-feira, dezembro 20
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