sexta-feira, dezembro 21

da (des)organização

uma das características do nosso sistema educativo é, reconheça-se, a sua imensa desorganização;
estruturado anarquicamente à medida que crescia, nunca chegou a consolidar uma dada lógica de funcionamento e, menos ainda, de relacionamento entre as suas diferentes partes;
unidade de coerência, o sistema apenas manteve duas das suas mais duras características e ambas oriundas do antes de 74, a centralização e a burocratização das acções;
não é necessário falar da estrutura do polvo, que se ramificou e diversificou por milhentas unidades, pequenas divisões, gabinetes e tudo o que se possa imaginar a ver se conseguia manter o controlo (ainda que remoto) do sistema e os seus súbditos sob o seu domínio;
mesmo ao nível da escola, e já aqui o escrevi por inúmeras vezes, o sistema alargou a sua base de recrutamento de alunos, integrou novos e diferentes públicos, procura um outro conhecimento e novas conformidades (para além da pedagógica e social, desde a integração europeia que é manifesta a conformidade política); mas o seu funcionamento tem permanecido imutável, se salvaguardarmos pequenas intervenções de lifting, mais para disfarçar as rugas do que outra qualquer coisa;
o(s) famoso(s) decretos da autonomia, primeiro o 43/89, depois o 115-A/98, acabaram por ter reflexos mínimos na organização e na estrutura do sistema;
tenho sérias dúvidas quanto àquele que por aí vem e que foi ontem aprovado em conselho de ministros;
percebo a tentativa de (re)organização do sistema com base na escola, é perceptível a integração de outras lógicas na gestão, como é entendível o forçar a integração de outras realidades na administração da escola;
desde logo por duas razões, a primeira porque persiste e insiste na designação de administração e gestão, criando-se, a partir daqui, contradições e inoperacionalidades conceptuais que certamente condicionarão o seu andamento, a sua implementação; depois por aquele Conselho Geral, muito decalcado da realidade norte americana carecer de elementos de operacionalização e monitorização;
a ver vamos como será o texto do documento, como procura articular as suas diferentes partes e concepções e como integra contributos de parceiros e de fazedores de opinião;

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