quinta-feira, outubro 4

a construção do aluno

começo pela construção do aluno;
o comentário deixado é de todo em todo pertinente, ainda que possa não ter sido essa a intenção nem o objectivo;
ao tratar a questão da disciplina e não a da indisciplina na escola, vou exactamente à procura dessa dimensão da construção não apenas do aluno mas do próprio cidadão;
se é certo que o Estado Novo procurou e inculcou uma determinada ideia de aluno e de cidadão, a democracia não lhe ficou isenta e tem procurado, de acordo com os seus objectivos e as finalidades que se lhe encontram inerentes, definir um dada ideia de cidadão; os discursos em redor da autonomia das escolas, do sucesso educativo ou simplesmente do papel da escola a tempo inteiro ou do tal plano tecnológico, são disso exemplo e consideram a escola enquanto elemento instrumental ou funcional na acção discursiva - e política;
a questão que se coloca é a de que a uma ideia de escola corresponde, inevitável e incontornavelmente, uma ideia de sociedade e, por seu intermédio, uma ideia de qual a posição, a atitude e os valores que o aluno, enquanto futuro cidadão, deve veicular, para o qual deve estar preparado;
o Estado Novo teve a particularidade de preparar o cidadão como se não precisasse da norma, levando à própria construção interna da norma, enquanto preceito individual, natural e não enquanto imposição; é por isso que muitas dessas normas ainda hoje vigoram, quase que subliminarmente - naturais, normais;
ora a ideia que procuro tratar passa exactamente pela ideia de cidadão que a escola, por intermédio de uma dada ideia de disciplina escolar, tem veiculado enquanto imagem do cidadão, da pessoa, da democracia; nesta construção cruzam-se saberes (sociais, políticos, educativos, médicos, entres outros) que acabam por ter sérias implicações nos currícula, nos instrumentos de regulação dos comportamentos individuais;
é esta construção do aluno, enquanto futuro cidadão, que, apesar de poder soar muito a Estado Novo (e aqui o comentário tem toda a pertinência) faz sentido perceber como tem influenciado as políticas educativas e definido o papel da escola e da acção docente neste contexto;
obrigado pelo comentário;

1 comentário:

Anónimo disse...

Por que foi retirado o pertinente comentário que aqui estava? Quis mostrá-lo à minha mulher-professora e nada. Visado pela censura?