terça-feira, agosto 14

conversas

tenho de reconhecer que gosto de uma boa conversa, e mais gosto quando o interlocutor demonstra competências naquilo que diz;
surge isto a propósito do que já posso referir como troca de comentários com o meu companheiro;
eu percebi a referência de não se fulanizar nem se pessoalizar uma qualquer organização; corre-se o risco de com esse facto termos mais afazeres que proveitos; como compreendo a necessidade da existência de espaços organizacionais - face à previsibilidade e à estruturação da coisa pública;
como também partilho da mesma crença, que não reside aqui nenhuma verdade, menos ainda absoluta e inamovível, é apenas uma troca de ideias e de opiniões, outros pontos de vista sobre o mesmo objecto social;
de princípio o único elemento que nos pode dividir na análise, e pode não ser uma discordância de facto, decorre do papel das pessoas e das organizações no devir social;
eu direi, na esteira de outros (Crozier, Friedberg, Dubet, p.e.), que as organizações existem por que as pessoas têm interesse e, até, necessidade que elas existam e não, como depreendo da leitura do companheiro Francisco, por que elas pré-existam à acção colectiva;
este é o único ponto de desvio entre as nossas duas opiniões; o entendimento reificado de uma qualquer organização e o entendimento da construção social no seu devir; mas é de tal modo pertinente esta nossa diferença de entendimentos, que é dela que decorre muito do mau estar que muitos de nós, cidadãos individualmente considerados, sentimos na relação com a administração pública ou com qualquer organização; sentimos que ela(s) não nos responde(m) a nós individualmente, mas a um nós colectivo perante o qual e face aos interesses particulares temos dificuldades de reconhecer;
será, em última instância, uma diferença entre uma visão "moderna" e uma visão "pós-modernista" da acção colectiva, isto é, das estruturas às redes, da verticalidade funcional aos fluxos horizontais, da rigidez orgânica à flexibilidade funcional;

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