sexta-feira, abril 1

impertinência

impertinência é como, habitualmente, me designam quando trago à liça daqueles temas que poucos querem discutir e menos ainda quando acontece em final de dia, após uma catrefada de horas e montes de gente.
Mas o Ademar parece que juntou toda a sua impertinência nesta pausa pascal e traz à baila um tema que, infelizmente, pouco ou nada se discute nas nossas escolas.
Acrescento um elemento a esta estória com todo o risco assumido de dizerem que pactuo com o laxismo ou o deixa andar não te amoles, mas quem me conhece, quem comigo trabalha sabe que assim não é.
Sou, genericamente, contra a retenção de um aluno a meio de um qualquer ciclo de ensino. Estou convencido (apesar de reconhecer que há muita gente que reprovou e que reconhece méritos e benefícios nessa sua reprovação) que não é por reprovar, por ficar retido um ano que a alminha se regenerará, que a cabecinha se tornará mas apta e capaz para as provas ou que os desempenhos e comportamentos se normalizarão.
Isto por que o hábito é deixar andar e o aluno repetir a mesma dose, da mesma maneira e, o mais das vezes, pelos mesmos que antes o reprovaram. Existe, neste aspecto uma completa, total e ineficaz desresponsabilização do professor e da escola face a medidas de apoio, compensação, recuperação, incentivo e integração do aluno e do seu contexto e dos problemas ou situações que estiveram na base dessa retenção. Geralmente é situação remetida à exclusiva responsabilidade do aluno (problema dele, desinteresse, alheamento, indiferença, falta de estudo, incapacidade são os mimos com que a pessoa é prendada e catalogada).
Neste aspecto e considerando genericamente a situação descrita, a escola é inimiga do aluno. Eu diria mais. A generalidade dos professores continuam a apostar e a fomentar uma escola de elites, de indiferença perante os que, por uma qualquer razão, apresentam dificuldades e carência de resultados naquele ranking que a generalidade dos professores concebe e pelo qual se orienta - seja de conheicmentos, seja de comportamentos, seja de empenhos.
E não basta referir que as escolas não têm condições (é sabido que estão montadas apenas e quase que exclusivamente para se darem aulas), que os professores têm mais que fazer (e têm), que o problema está no sistema (do qual todos fazemos parte e integramos) ou que não há recursos ou oportunidade.
Muitas vezes não se faz por que pura e simplesmente os professores não sabem (evito o não querem) fazer de maneira diferente. Fazem-se esquecidos que do outro lado estão pessoas, com sentimentos, com opinião. Muitas das vezes os professores tratam e analisam uma situação como se de um procedimento administrativo se tratasse.
Por isso, optei pela distanciação no final do período, pela pausa reconfortante. Procurei evitar comentários que fossem para além da minha mera e simples opinião e caíssem na fulanização, que sempre evitei.
Mas não tenho a mínima das dúvidas em subscrever a opinião do Ademar, a escola é (não em todos nem por todos os docentes) inimiga do aluno.

1 comentário:

Miguel Pinto disse...

E o mais caricato da situação é que, por extensão, a maior parte dos pais [fundamentalmente aqueles suspiram por uma escola orientada para o mercado] teimam em ser inimigos dos próprios filhos. Impertinências!?