quarta-feira, abril 13

do erro

Ontem, em conversa com um grupo de alunos (de 8º ano), reconhecemos que, ao contrário de José Gil em Portugal Hoje, o medo de existir, nós não temos medo de existir, temos vergonha de existir, de sermos o que somos, de nos reconhecermos ao espelho.
Podemos perguntar quem será melhor que nós. Podemos dar a resposta óbvia que não há quem nos alcance e nos atinja. Esta vertente umbilical de autoanálise é característica de um marasmo, de uma estupidificação reinante, esclerosada e petrificante.
Quem não é como eu é contra mim. Quem pensa o contrário é por que me inveja. Ingorância. Medo. Vergonha, apenas.
Na escola ou na sociedade, há quem tenha medo, procure a subserviência e a indiferença como armas de desculpabilização e desresponsabilização. Mas há os outros, aqueles que apenas e só têm vergonha de ser, de assumir o erro, de voltar atrás e procurar outras hipóteses.
Enleamo-nos em pormenores apenas para atrasar esse reconhecimento, para fugir à nossa incapacidade de assumir diferente, de ser diferente.
Precisamos de uma inscrição social e profissional. Precisamos de assumir erros e ignorância.
Começo por mim. Cada vez mais, cada dia que passa, com o assentuar dos anos e da idade estou mais parvo, idiota, estúpido e ignorante. Desfazado do tempo e de mim mesmo.
Preciso de educação. Preciso de formação.
Quem se segue?

2 comentários:

Fernando Reis disse...

Penso que somos em grande parte produto de uma escola e de uma sociedade em que a diferença era vista como negativa.
Agora que a sociedade é diferente, a educação é também diferente, e as exigências de formação são contínuas.
No entanto, tudo o que nos envolve apela à indiferença, a começar pela televisão e por muitos outros meios de comunicação, e a acabar nos círculos de amigos e família.
É aqui que a Escola tem um papel fundamental a desempenhar. Sermos diferentes, sim, mas com conhecimento. Fazer a diferença pela qualidade é o desafio da Escola agora e para o futuro.

Em alternativa, podemos sempre deixar-nos estupidificar. É a solução fácil e rápida. É um perigo que está aí à porta e que às vezes quando nos distraimos entra pela nosa casa e pela nossa cabeça.

Miguel Pinto disse...

Hoje, enquanto percorria a blogosfera senti vontade de o dizer publicamente. Só me ocorreu o título e algumas ideias dispersas. Era assim: Eu errei!
Não queria que fosse um grito demagógico e lamechas. Preferia que fosse entendido como um passo em frente no sentido da abertura aos outros, uma plataforma de entendimento em que a infalibilidade e a imprescindibilidade termina nos cemitérios.
Inscreve o meu nome na tua lista de errantes!
Mas não fico por aqui. Utilizarei o meu espaço na blogoesfera para continuar a expor, sem medos, as minhas limitações.