quarta-feira, abril 27

dicotomias

Há muito que tenho consciência que no seio do Partido Socialista há duas correntes educativas que procuram, cada qual a seu modo e a seu tempo, afirmar a sua preponderância.
Uma, porventura humanista, defende que os professores e as escolas sabem o que querem e sabem trabalhar para alcançar esses objectivos. É uma corrente que defende a regulação, isto é, a definição dos possíveis dentro dos quais, escolas e professores, se manifestam e definem estratégias e implementam metodologias.
Mas há uma outra, mais regulamentadora, isto é, mais legisladora, mais directiva, que defende que se deve dizer às escolas e aos professores o que devem fazer e como devem fazer. É uma corrente mais tradicional, mais jurídico-administrativa que considera e sobreleva a necessidade de formação por parte dos professores e das escolas quanto à capacidade de definir e construir futuros.
Tanto uma como outra são evidentes nas propostas que se apresentam neste momento nos discursos da tutela. Com um claro ascendente daqueles que defendem que as escolas e os professores são gente bruta que, se não se lhes disser como, não fazem nada e procuram a gentileza da tradição, do comodismo, do mínimo denominador comum.
Sou, clara e objectivamente, apologista da primeira posição, mais regulador, valorizador das autonomias profissionais, das capacidades locais, mas, por vezes, aos ouvir os meus distintos colegas, convencço-me que o outro lado, o da regulamentação, o da ordem e do sentido directo e directivo, estarão mais correctos, serão mais adequados àquilo que temos nas escolas.
Convenço-me que se não existirem ordens directas continuamos, persistimos e insistimos no habitual. Não somos capazes, por razões várias, de inovar, de fazer diferente, de ousar.
Dicotomias. E nós no meio.

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