domingo, março 13

das comparações

em conversa sobre valores (alteração e transformação), há quem compare - ou coloque no mesmo saco - a escola, a igreja ou os militares.
Alguém afirmou, entre a firme convicção e a certeza, que todos eles se desagregam, todos têm sofrido profundas alterações e, de um modo ou de outro, deixado de servir de referências.
Estava eu mais ou menos calado, de modo a não interromper uma sessão que corria de vento em popa. Perante esta afirmação, pedi desculpa e disse que ainda bem. Ainda bem por que a escola não é uma questão de fé nem de crença, é de trabalho. Ainda bem por que apesar de persistirem na escola muitas das lógicas militares é cada vez mais um espaço de participação e de afirmação da democracia. Ainda que existam hierarquias elas só são usadas para afirmação de situações (administrativas ou pessoais).
Não consigo colocar a escola neste saco comum da tropa e da igreja. Reconheço que lá esteve durante muito tempo, fosse nos valores (transmitidos ou reconhecidos), fosse na organização (há uma sala só para professores, uma só para funcionários, outra da malta, há condições de acesso diferenciadas entre alunos, professores e fucionários, há uma guarita de entrada) e na hierarquia (a antiguidade ainda é um posto na escola, escolhem-se horários, turmas, benesses), fosse, ainda e por último, na fé, na crença - seja num Deus ou na infalibilidade do senhor general.
O meu desgosto, mas que é também um claro desafio, é que esta crença ainda persiste em muitos discursos, alguns deles informados, com capacidade de análise e de interpretação mas que reconhecem na escola, ainda hoje e infelizmente, lógicas de fé e de hierarquia.
Não é, nem pode ser. A escola é cada vez mais um espaço de afirmação e de participação, de democracia construída e reconstruída, debatida e discutida. Não há fé, há discussão, procura de verdades, debate e discusão. Como a única lógica hierárquica é a da afirmação do conhecimento, a do trabalho, a do estudo, a da criação de pontes entre diferentes públicos, entre diferentes interesses e diferentes interessados.
A escola é social (de e para as pessoas), plana na sua linha de organização e a haver fé será na razão e no conhecimento.

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