quinta-feira, março 10

Da necessidade (2)

Ainda a propósito da formação e das necessidades que a induzem ou que por ela são induzidas, trocava ideias com uma colega sobre a quantidade de trabalhos que se vê e é obrigada a fazer, uns atrás dos outros, num remoinho imparável e quase insuperável de prestação de contas.
Tive a sorte, aquando do meu curso, de não ser submetido a esta orda de trabalhos, como reconheço que tive o privilégio de tudo o que foi solicitado vizar um produto e mais não era que um meio de o alcançar.
Mas reconheço que há universidades onde são pedidos trabalhos atrás de trabalhos, há testes e exames, como se de um prolongamento da licenciatura se tratasse. Quase que se fica com a sensação que os trabalhos procuram ocupar as cabecinhas o suficiente para que elas não pensem naquilo que ali estão a fazer, não pensem noutras hipóteses ou noutras ideias de escola e do papel que ali se desempenha.
Se não é possível pensar a escola em processos de formação, com apoio e alguma massa crítica que permita o seu enquadramento, quando será possível pensar a escola? Na escola? entre uma preparação de aulas e uma reunião de departamento? com o tempo contado antes de ir buscar a prole ao colégio? Durante um pedagógico, entre a discussão da sala de fumo e o arrastar de cadeiras no primeiro andar?
É isto que considero um massacre. Falar-se da escola sem se pensar sobre ela, sem haver tempo, espaço e oportunidade de se pensar o que cada um de nós faz na escola, o que ela nos permite, nos condiciona, nos cerceia ou impele.

1 comentário:

«« disse...

subscrevo o texto e acrescento que para além dos trabalhos, tratam-nos como crianças, com ameaças e falta de coerência....adorei o meu mestrado....mas tive um ou dois professores que faz favor....nem sei se são melhores que a professora do seu filho