segunda-feira, fevereiro 7

da indisciplina. A partir deste desafio uma ligeira e sumária abordagem à indisciplina.
Esta situação não é nem nova nem se reveste de contornos inovadores. Novo ou pelo menos, diferente, é a abordagem que dela se faz, o olhar que sobre esta problemática se lança. Em plena década de 80 a culpa era da sociedade e da massificação da escola e da educação, a abertura da escola a todos os públicos o alargamento da escolaridade e do universo escolarizável era apontado como um dos motivos da indisciplina.
Já na década de 90 o olhar era multifacetado e entre os problemas da massificação e as (in)capacidades de respostas por parte da escola [entenda-se, dos professores] a indisciplina era vista como uma quebra social, o permanente confronto entre urbano e suburbano. Quando esta situação se alastrou aos meios rurais houve que determinar outros modos de encarar a problemática e o alvo foi determinado ou nas ciências da educação [as grandes culpadas das incapacidades locais e políticas] ou no papel que a escola [entenda-se, professores] na definição de estratégias e metodologias que permitissem a definição de estratégias inclusivas, diferenciadores, integradoras de públicos heterogéneos.
Entre um ponto e outro, houve ainda tempo para retratos psicológicos do estudante português, do papel do professor, das relações afectivas e psicossocioafectivas que se estabelecem na sala de aula, como houve tempo de estruturar olhares mais etnográficos aos pátios das escolas, às disputas sociais e relacionais que ali se definem, às relações de poder na turma e no grupo e em face do papel (e da autoridade) do professor. Como houve tempo de estruturar culpas à desagregação da família, da comunidades, dos laços afectivos de vizinhanças ou de amizades, ou à televisão e ao papel que ela assume na substituição de outros modelos sociais.
No meu entender, tudo isto tem a sua quota parte de responsabilidade, de contributo e de participação na definição das relações que se estabelecem na escola e na sala de aula e na criação de situações de (in)disciplina ou de conflitualidade (e há que separar um do outro).
Fundamental na sua abordagem, na sua resolução e intermediação como interpretação o papel do professor que, muita das vezes por manifesta falta de formação, não sabe lidar com esta situações ou, pura e simplesmente, se alheia delas.
Lugares comuns: quantas vezes um docente passa por uma rixa de miúdos e olha para o lado, quantas vezes um docente se apercebe de uma situação de conlfito latente entre alunos na sua aula e passa à frente; quantas vezes um docente ouve comentários e bocas e finge que é surdo? quantas vezes um docente manda calar um aluno só porque sim, só porque quer afirmar a sua autoridade?
O saco enche, transborda e... às vezes rebenta.

1 comentário:

arte disse...

Também me parece que a culpa quer é morrer solteira como acontece em casos de incompetência.A indisciplina que se atribui a vários factores e conforme as épocas esses mesmo factores são alterados, na decada de 80 uns, na decada de 90 outros e outros ainda actualmente.O que é certo é que a indisciplina continua e a culpa não é só dos professores.Alás, nem sei porque é que os professores são referidos quando para eles seria muito mais actrativo e muito mais interessante que não houvesse indisciplina.A familia,a câmara, os psicólogos,a segurança social, a escola segura ou (GNR, e toda uma panalópia de entidades que têm a sua grande responsabilidade nos casos de indisciplina.Quando um miúdo rouba, agride os colegas, fuma, ameaça..etc, e todos estes organismos são avisados e nada fazem, dizendo que a responsabilidade é da escola e a escola é que tem de resolver a situação.Depois como é que os professores podem ser culpados?Pudera!Todos deixam andar á espera que a coisa se resolva.Arte por um Canudo.