terça-feira, janeiro 11

do incómodo

eu sei que é uma situação normal e natural mas não deixa de me incomodar. Andei um dia completo a pensar se escrevia esta posta ou se a deixava passar em branco. Como se nota opto pela partilha.
Um conjunto de pais/encarregados de educação manifestaram ao respectivo D.T. algum incómodo em face das metodologias que adopto na sala de aula e às suas implicações perante os seus educandos.
É-me difícil não tomar posição, ser indiferente, mas resumidamente explico.
A minha opção metodológica vai no sentido do aluno resolver problemas, ultrapassar situações com recurso à disciplina (História) e aos instrumentos que faculta, opto por não apresentar, de modo tradicional, expositivo, unidireccional, passivamente em relação ao aluno os conteúdos (procuro evitar a seca que são as aulas), prefiro a descoberta, a construção, a partilha do conhecimento, a resolução dos problemas. Do ponto de vista teórico será uma mistura (espero que não explosiva) entre metodologias diferenciadoras (com base em processos), a pedagogia da autonomia e componentes construtivistas e da escola moderna.
Ora esta opção tem-se revelado frutífera na conquista de alguns alunos para a disciplina e para o trabalho escolar (uma análise do aproveitamento mostra isso mesmo). Mas há alunos, geralmente e por hábito, uma franja significativa de alunos que na generalidade apresentam níveis elevados e que em face deste tipo de trabalho baixam relativamente o seu rendimento. Foram pais/encarregados de alunos destes alunos que se manifestaram.
Sinto-me de consciência tranquila na procura de propostas, opções, metodologias, estratégias que permitam construir um sentido de escola e do trabalho desenvolvido, do papel e da participação da disciplina nesta construção, da autonomia do aluno, na sua capacitação para a rssolução de problemas, para a organização de ideias, para o seu envolvimento e participação na construção e definição dos seus interesses.
Mas reconheço que me sinto incomodado. Talvez até mais porque o D.T. não estava preparado para responder às questões, quando desde a primeira reunião intercalar lhe apresentei documentação sobre o que faço, como faço, com que características, opções e orientação.
Fico na dúvida do que faço, será correcto? adequado? adaptar-se-á ao aluno? irá ao encontro das suas necessidades? prepará-lo-á para situações futuras? consolidará conhecimentos? promoverá atitudes ou competências?.
Mas sozinho sei que não vou a lado nenhum e que estas situações, já estou algo habituado, surgirão sempre.

1 comentário:

Miguel Pinto disse...

1ª questão: Os encarregados de educação sentem-se incomodados porque os seus educandos baixaram de rendimento.
Parece-me bem que os encarregados de educação não fiquem indiferentes ao que se passa na escola. Que acompanhem o percurso escolar dos seus educandos e que procurem respostas para as dificuldades manifestadas por eles. Depois é só estarem disponíveis para o ataque às causas dos problemas, mesmo que elas residam dentro de casa.

2ª questão: “o D.T. não estava preparado para responder às questões…”
Parece-me mal que o DT não perceba que podemos atingir o mesmo ponto de chegada utilizando vias alternativas. Que é possível atingir esse ponto de chegada mesmo que iniciemos o percurso em diferentes pontos de partida.
O DT não pode limitar-se ao quadro de referência das suas práticas nos contactos estabelecidos com os encarregados de educação.

3ª questão: “Fico na dúvida do que faço, será correcto? adequado? adaptar-se-á ao aluno? irá ao encontro das suas necessidades? prepará-lo-á para situações futuras? consolidará conhecimentos? promoverá atitudes ou competências?.”

Nem de propósito. Escrevi sobre a eterna dúvida e a partilha de experiências de ensino no outro olhar. Esta dúvida é regenerativa!