sábado, janeiro 1

do gosto

já por várias vezes estive para escrever sobre uma surpresa. Não passa de agora uma vez que se lhe juntou o argumento do prazer e é em tempo de escrever sobre um gosto, o meu, o de trabalhar na escola.
Há tempos um colega ficou espantado por ter conhecido, em carne e osso, esta minha pessoa. Perguntei qual o espanto, afirmou que lhe era difícil acreditar que era eu mesmo, aquele que assina estes textos, cujo nome aparece como irresponsável pelas ideias e opiniões que aqui se desbaratam e que ele acompanha desde o início desta escrita, umas vezes com concordância outras nem tanto.
Não sei se sou aquilo que escrevo ou se escrevo aquilo que sou. Sei e aí restam-me poucas dúvidas na ângustia das minhas incertezas, que escrevo sobre o que gosto, o que me marca, o que sinto e que escrevo sobre aquilo que sou.
E agora em amenas cavaqueiras em torno do Natal e da passagem de ano alguém me diz que se nota o gosto por aquilo que faço. Como seria possível fazê-lo de outro modo, sem gosto, sem ilusão, sem sonhos, sem paixões.
Reside nesta pequena circunstância muito do que sou, algum já aqui o escrevi, emoção na ponta dos dedos, fazer da minha emoção a minha razão, procurar a razão onde ela esteja, onde se acomode.
A escola é apenas um espaço de operacionalização de vontades, de descoberta de emoções, de busca de razões, de confronto de seres. Por isso gosto da escola. Por isso gosto do que faço.
Para mim é perfeitamente impensável não pensar aquilo que faço, não procurar alternativas, não questionar as minhas razões, não procurar outras razões. Procuro compreender, interpretar, perceber o que faço, como faço, porque o faço, com quem o faço. Reside aqui muita da minha emoção, muito do gosto que sinto por aquilo que faço.
E não tem que ser apenas e em exclusivo sobre a docência.

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