quarta-feira, abril 26

do público

geralmente há duas ou três ideias feitas sobre o trabalho que se desenvolve na administração pública;
ou é pouco e quase todo ele alentejano, isto é, lento, moroso e burocrático;
ou os chefes têm grandes poderes e grandes tachos;
ou qualquel outro conjunto de situações;
pelo trabalho que desenvolvo no âmbito da administração pública, e já passei por alguns lugares, não tenho esta imagem;
pelo contrário, há qualidade nos serviços que se desenvolvem, pessoas interessadas, competências e disponibilidade para que os processos não fiquem a dormir;
mas também é verdade que os serviços estão organizados disformemente, que não existe confiança, nem administrativa nem organizacional, para já não falar em política ou técnica;
como resultado disto, sinto que nem instrumento sou; não há orientações, apenas quotidiano; falta uma linha estratégica, a não ser aquela que eu desenho; falta equipa, no que sobra em alumas individualidades;
começo, lentamente, a descobrir que ainda não será desta que nos adaptamos a outros modos, a outras formas de organização, outros processos de trabalho;
teria que doer mais, muito mais, para que efectivamente nos sentissemos arrancádos à estagnação e fossemos em frente.

distância

por acaso [?] estou fora da escola, apesar de a continuar a pensar, a sentir e a considerarmos, antes de qualquer outra coisa, professor do ensino básico e secundário;
no entanto, em miha casa nunca foi hábito a entrada e saída de professores, as conversas em torno da escola, da educação, dos alunos, das políticas, dos medidas e da legislação, ao fim e ao cabo das coisas que moem a cabeça aos professores;
penso que um dos poucos momentos que tive oportunidade de trocar ideias profissionais de modo descontraído foi quando o Miguel me deu o prazer da sua visita;
e é com ele que tenho mantido uma agradável conversa, assente na distância, no olhar comum, em algumas divergência e, muito particularmente, na amizade da qual faço questão de encher a boca com que ele me brindou.
nunca acharei demais, obrigado Miguel.

visual

desde que ando nesta blogosfera que tanto eu como o Miguel somos tentado a mudar frequentemente de visual.
restam-nos as ideias e a coerência, a persistência de há muito dizermos, pensarmos e escrevermos quase o mesmo.
mas há que mudar, nem que seja para que quase tudo fique na mesma.

segunda-feira, abril 24

escrita

neste meu cantinho, ou noutros que tais onde deixo ideias e solto apontamentos, a minha escrita sai de mdo quase que automático.
vou pensando e escrevendo, numa quase simultaneidade de acções.
quando me chego ao meu computador, para escrever ideias sobre um tese, aí é que são elas, um quase estancar da escrita, uma quase secura de ideias.
sábado à noite fui com energias sufientes e disponibilidade bastante para escrever. sento-me, ligo o computador, arrumo os papeis e organizo as ideias e vá de ... não escrever nada.
não saiu uma letra, quanto mais uma linha.

imprensa

esta notícia, do aparecimento físico de um meio de comunicação social quase sempre virtual, desperta em mim curiosidade.
por um lado para perceber da capacidade de afirmação local/regional.
a comunicação social eborense tem sido sucessivamente atravessado por uma profunda turbolência, que faz com que apenas um título (o Diário do Sul) resista, para além de um outro ligado á igreja (a Defesa) .
depois disto ficamo-nos pelo deserto.
houve em tempos e em fase de uma ou de outra onda, tentativas de reedição, de afirmação jornalística.
seria fundamental, na e para a afirmação social e política da cidade, que outros meios de comunicação social se afirmassem, mas dificilmente o conseguirão fazer fora de fortes ligações que condicionam, ou delimitam, a sua afirmação.
esta nova tentativa aparenta fazer o que os outros já fazem, distribuir equilíbrios por sensibilidades e opinões, chamar a si os nomes já consagrados, jogar em alguma segurança, em equipa feita por outros.
reside aqui exactamente a sua aparente fragilidade.
por um lado por que dificilmente estes nomes consagrados apresentarão aqui as suas novidades, obviamente que as guardarão para a sua referência.
depois por que se perde em capacidade de arriscar, de inovar, de apresentar outros pontos de vista, outras formas de organizar a informação, outros modelos de comunicação.
mas que faz falta à região disso não tenho dúvidas.

quinta-feira, abril 20

dívida

o diário de notícias de hoje traz um apontamento sobre o endividamento das autarquias.
folheei o jornal na procura de apontamentos sobre esta minha/nossa santa terrinha e outras que tais por estas bandas alentejanas.
para quem ainda não o leu aconselho-o vivamente.
sabem por quê?
é que as únicas localidades (entre vilas e cidades) a sul do Tejo que aparecem são Setúbal, Palmela e Faro.
o Alentejo?
das duas três, ou não foi alvo de estudo, ou se esqueceram dele ou estamos naquele limbo que nem bem, nem mal, antes assim.
um estado que entre o pobrezinho, mas honesto, marcadamente do tempo da outra senhora, e o mais vale parado que morto, do politicamente correcto e juridicamente inóquo de uma modernidade tardia, faz com que esta região dependa de terceiros para o seu próprio e sustentado desenvolvimento.
até quando? pergunto eu.

dimensão

quem acompanha a minha escrita, particularmente ex-alunos, queixam-se que o tamanho das postas tem crescido.
antes apresentava pequenos apontamentos, ideias soltas, de fácil e particularmente rápida leitura.
ultimamente alargo o texto, desdobro ideias, arranjo mais confusão.
pois é, na certeza dos mundos serem outros que não os da escola, se descobre como nos condicionam a escrita.

mercado

entrei hoje, pela primeira vez, no mercado municipal de Évora.
gostei.
bonito, amplo, numa simpática articulação de materiais e texturas, entre o granito, o mármore, o ferro fundido.
iluminado de forma natural, evidente na sua mostra de produtos e serviços.
uma clarissima demonstração como as tecnologias podem influenciar, quando não mesmo determinar, a tradição. Isto é, pelas características da arquitectura, pela determinação de fluxos de circulação, pela organização do espaço o comérico tradicional sente-se obrigação de procurar outras respostas para problemas de sempre, o de atrair clientela.
aquele espaço, o espaço do mercado municipal, é, no meu entendimento, uma das grandes afirmações da cidade de Évora como palco de uma urbanidade marcadamente europeia.
valeu apena o atraso? penso que sim. Évora fica bem servida.
Falta apenas um pequeno apontamento de outras memórias. O espaço entre o mercado das hortaliças e a peixaria destinado à massa frita.

aluno

na procura, quase incessante, quase paranoica de um tema de tese que me permita articular três dimensões (conhecimento, decisão política e acção pública em educação) na impossibilidade de casar o associativismo juvenil, por claro impedimento, regresso a um tema que me é caro e no qual tenho trabalho há já vários anos, o aluno.
a partir de dois princípios, por um lado a legislação que define o estatuto do aluno do ensino não superior (decr. lei 270/98 e lei 30/2002) e partir destas para perceber as dimensões sociais (valores, ideologias, princípios e ideias) que partem da escola para a sociedade, como se condiciona o devir social a partir de uma política educativa;
por outro, procurar peceber quais os caminhos da construção de sentidos ao trabalho desenvolvido na escola;
o aluno, sendo um elemento de ligação entre múltiplas esferas (um go-between, nas palavras de Perrenoud) permite analisar, considerando como foco de estudo e sujeito de observação, diferentes realidades, duas das quais são determinantes neste (e num qualquer outro) princípio de século, a dimensão profissional dos professores e a organização da escola.
a pergunta, para já, é se irei a tempo de apresentar um projecto minimamente coerente, minimamente estruturado.

quarta-feira, abril 19

festa

no sítio onde estou, IPJ, iniciam-se hoje as festas do 25 de Abril.
irão dizer que é um movimento de revivalismo, de regresso ao futuro.
será? como será?

medo

pergunto-me, perante o envelhecimento, a proximidade do fim, se a minha mãe tem medo de ter um cancro ou se apenas tem medo de não o ter.

às voltas

de volta, com estas voltas e reviravoltas que fazem e me obrigam a estar ausente, longe daqui.
não foram nem férias nem pausa, apenas distância, inacessibilidade, contrariedade.

segunda-feira, abril 3

informação

um dos jornais de fim-de-semana publicou aquilo que designa como estratégia de informação do governo e em particular do primeiro-ministro. Quer na consertação de ideias, quer na definição de timmings de execução.
Até pode ser que tenha razão e que, entre outras medidas, uma das estratégias assente na informação, naquilo que outros designavam como central de comunicação e informação.
Mas não há partido, nem governo, nem produto nenhum que se aguente se não aliar conteúdo ao embrulho, pode ser mais tarde, pode ser depois, mas existirá sempre a revelação da desadequação entre o que se promove e o que efectivamente se obtém.
quanto ao timming ele é inerente à acção política e só por distracção se poderá culpabilizar quem quer que seja.
Porventura o que o jornal não gostará é de perder exactamente esta possibilidade e este constrangimento público, circunstância que até o faz perder vendas.

aflito2

passei um fim-de-semana sem internet, coisa que não é vulgar uma vez que desde que mudei para o campo que não tenho internet.
Mas acresce a isto o facto de ter passado um fim-de-semana apenas com os 4 canais de televisão terrestres.
Um sacrífico, uma pena demasiadamente pesada.
Sobraram poucos apontamentos e quase que exclusivos à 2. Como registei o regresso de csi;
isto é uma cosia impensável e há pessoas que não têm cabo.
Devia ser uma medida a incluir no serviço público básico.